O que é TRT (Terapia de Reposição de Testosterona)? Quando fazer TRT?

A procura por TRT (Terapia de Reposição de Testosterona) para homens vem crescendo nos últimos anos, bem como a quantidade de informações corretas e incorretas na Internet sobre esse importante tema.

Reposição de testosterona

Como o nome já diz, TRT é um tratamento para repor algo que falta no organismo, no caso, o hormônio testosterona.

O uso de testosterona para fins de performance ou estética não é TRT, pois não se trata de reposição e sim de uso indiscriminado e sem necessidade, com diversos efeitos adversos e riscos à saúde. Se o indivíduo não tem sinais e sintomas de deficiência de testosterona, não tem indicação de TRT.

Estima-se que cerca de 6% dos homens adultos pode ter a doença chamada hipogonadismo masculino, que é a redução da função testicular que tem, como uma de suas consequências, a redução dos níveis de testosterona. Essa doença é mais comum em idosos, homens com obesidade ou alguma outra doença crônica como hipertensão arterial ou diabetes mellitus.

Sinais e sintomas

A dosagem de testosterona total no sangue deve ser realizada em homens com suspeita clínica de hipogonadismo. O médico deve suspeitar que o seu paciente tem essa doença quando há os seguintes sintomas:

Redução de libido o que fazer?

-Redução de libido (é o principal sintoma e, para muitos especialistas, é obrigatória a ocorrência de disfunção erétil e/ou redução de libido para o diagnóstico de hipogonadismo)

-Alterações do orgasmo

-Redução da frequência e da qualidade das ereções penianas

-Reducao ou ausência de ereção matinal

-Ejaculação retardada

-Redução considerável de força e de massa muscular

-Redução de pelos corporais

-Fadiga

-Irritabilidade

-Aumento de gordura corporal

Para muitos especialistas, os sintomas sexuais são essenciais para a suspeita e para o diagnóstico e, sem eles, não se pode diagnosticar o hipogonadismo.

Deficiência de testosterona

A partir da suspeita clínica, deve-se proceder para a dosagem de testosterona total no sangue. Os níveis normais de testosterona variam de homem para homem. Estando dentro da faixa da normalidade (300 – 900 ng/dL), considera-se que não há deficiência de testosterona e deve-se investigar outra causa para os sintomas apresentados.

Entre 300 e 400 ng/dL é uma faixa cinzenta em que pode ser que haja ou não a deficiência de testosterona, sempre considerando a presença dos sintomas acima citados.

Abaixo de 300 ng/dL pode-se considerar o diagnóstico de hipogonadismo. Nesse caso, o recomendado é realizar uma nova dosagem após 2 semanas de todo o eixo de testosterona (LH, FSH, testosterona total e testosterona livre calculada, SHBG, DHT e estradiol) para confirmar ou não o diagnóstico e tentar definir algumas possíveis causas da deficiência. Descobrir se é um hipogonadismo primário (deficiência de testosterona causada por redução da produção do hormônio nos testiculos) ou hipogonadismo secundário (deficiência de testosterona causada por redução da produção de LH na hipófise, que é o hormônio que estimula os testículos a produzirem testosterona).

Causas de hipogonadismo do adulto

Diante do diagnóstico de hipogonadismo masculino, é sempre importante investigar qual é a causa da doença, pois a deficiência de testosterona pode indicar alguma condição clínica subjacente potencialmente grave e que precisa ser adequadamente diagnosticada e tratada.

-Obesidade

-Criptorquidia

-Agenesia testicular

-Trauma testicular

-Varicocele

-Doenças sistêmicas graves

-Tumores no testículo ou na hipófise

-Doenças autoimunes

-Castração química ou cirúrgica

-Radioterapia

-Uso de esteroides anabolizantes

-Idade > 65 anos

-Outras

Tratamento

O tratamento depende da causa. Existem medicamentos, como o Clomifeno, que atuam no sentido de aumentar a produção de testosterona pelos testículos. Em alguns casos, ele está indicado. Se a causa for obesidade, por exemplo, o tratamento é tratar a obesidade com mudanca do estilo de vida, que inclui reeducação alimentar e aderência a uma rotina de exercícios físicos regulares. Em casos específicos, o tratamento da obesidade com medicamentos indicados para essa doença deve ser realizado.

Quando há o diagnóstico de um hipogonadismo primário, ou seja, presença de sinais e sintomas clínicos de deficiência de testosterona associados a 2 dosagens de testosterona em níveis menores do que 300 ng/dL e LH elevado, pode-se cogitar o tratamento com reposição de testosterona para manter os níveis sanguíneos dentro da faixa de normalidade. Antes de iniciar, faz-se necessário identificar possíveis contraindicações para a TRT, que são:

-História de câncer de próstata ou de mama

-Hiperplasia prostática benigna severa não tratada

-Eritrocitose (número de hemácias elevado)

-Apneia obstrutiva do sono

-Insuficiencia cardíaca descompensada

Deve-se considerar também se o paciente tem desejo de manter a fertilidade, pois a TRT pode afetar negativamente a espermatogênese e, com isso, comprometer a função fértil do indivíduo.

Existem algumas formas de apresentação de testosterona disponíveis no Brasil: injetáveis intramusculares de média e longa duração e gel transdérmico. A decisão por qual forma de apresentação deverá ser utilizada deve considerar comodidade posológica e facilidade de aderência pelo paciente, preferência pessoal e, no caso do gel transdérmico, deve-se ter em conta o risco de transferência para outras pessoas como esposa e filho(a).

Testosterona injetável para que serve?

Em termos de posologia, existem os injetáveis de média e longa duração. Os de média duração (Deposteronⓡ e Duratestonⓡ) geralmente são aplicados a cada 14 ou 21 dias. O de longa duração (undecanoato de testosterona) tem a comodidade de, após atingir um nível plasmático de manutenção, poder ser aplicado apenas a cada 3 meses.

Quanto a segurança e a eficácia, o gel transdérmico de uso diário aproxima-se mais do ciclo fisiológico da testosterona e reduz o risco de picos de níveis de testosterona, imitando bem a produção fisiológica do hormônio. Quando não há contraindicações e risco de contaminação para outras pessoas, essa forma terapêutica pode ser preferida.

Durante a TRT, é importante ter consultas médicas periódicas para monitorar os sinais e sintomas clínicos, os níveis hormonais e também avaliar potenciais riscos à saúde e colaterais que possam ocorrer durante a reposição, como aumento de hematócrito (concentração de hemácias), aumento de próstata e PSA, perfil lipídico, parâmetros hepáticos, função renal, início ou agravamento de apneia do sono. O acompanhamento médico periódico é fundamental.

Médico do Esporte Dr Jorge Teles

O Drº Jorge Teles é médico especialista em Medicina do Exercício e do Esporte com residência médica no Hospital das Clínicas da USP e professor de Pós-graduação.

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